segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A Arte na Idade Média


A Arte na Idade Média


Ao estudar a História da Arte vamos também analisar como os elementos visuais aparecem nas obras de Arte feita ao longo dos anos. Vamos iniciar com o estudo da Arte na Idade Média:  Veremos que a arte neste período se voltou muito para a questão religiosa, ligada ao cristianismo e a construção de igrejas. Entenda que, igreja, neste contexto, tem o sinônimo de templo. Vemos na Bíblia os homens buscando criar templos para habitação de Deus, como Davi em Samuel 7:5.  Mas, precisamos lembrar que hoje, nós somos o templo de Deus: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” Então ao estudarmo as artes da Idade Média vamos sempre lembar que o homem sempre quis construir templos para Deus, mas Deus resolveu fazer de nós templos do seu Espirito! 

Arte paleocristã

Vamos falar primeiro da arte Paleocristã, ou seja, a arte feitas pelos primeiros cristãos, quando estes eram perseguidos pelos romanos.  A crescente conversão de pessoas  a Cristo, levou Roma a se preocupar com seu império e dessa forma começou uma perseguição aos cristãos. Então, muitos dos cultos foram realizados em locais escondidos como as catacumbas, que são cemitérios subterrâneos. Imagens simbólicas eram pintadas nas paredes dessas catacumbas, que remetiam ao culto cristão: a cruz (morte de Jesus para salvar a humanidade), âncora (ideal de salvação), peixe e pão (ícones da cristandade).
Quando o Cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, a arte deixa as catacumbas e ganha maior destaque. A partir daí surgem então, três tipos de artes na Idade Média: Românica, Bizantina e Gótica



Contexto Histórico

A Idade Média tem início logo após o declínio do Império Romano. Dois fatores contribuíram para isso: As invasões bárbaras ( s bárbaros eram povos germânicos que habitavam as fronteiras romanas mas não eram considerados romanos nem falavam o latim) e a difusão do Cristianismo (em meio a tanta desordem econômica e social, a Igreja foi a única instituição que conseguiu se manter firme).
Após as invasões bárbaras o Império Romano, em 395 d.C, foi dividido em:
·         Império Romano do Ocidente (com capital em Roma)- lado esquerdo do mapa
·         Império Romano do Oriente (com capital em Constantinolpla – atualmente na Turquia)- lado direito do mapa.

A Arte Românica corresponde à arte produzida sobre as ruínas das cidades romanas que agora faziam parte do Império Romano do Ocidente, com sede em Roma (daí o nome Românico). Hoje em dia abrange outros países como Itália, França, Alemanha, Inglaterra e Espanha. Predominou entre os séculos XI e XII (não deve ser confundida com arte paleocristã, ou seja, do início do cristianismo).
A Arte Bizantina corresponde à arte produzida na antiga cidade de Bizâncio (daí o nome Bizantina), capital do Império Romano do Oriente.  A capital do Império Romano do Oriente foi fundada pelo imperador romano Constantino e por isso ele mudou o nome da cidade para Constantinopla (atualmente Istambul, na Turquia).
Já a arte Gótica corresponde a um tipo de arte que surgiu no final da Idade Média, na Europa, principalmente na França, e é identificada como a Arte das Catedrais.
Vamos estudar um pouco mais sobre cada uma desses estilos.

Arte Românica

Trata-se de uma arte didática que tem por objetivo a educação religiosa das pessoas por meio das imagens e da arquitetura. Como a maioria era analfabeta, prevalecem na arte o simbolismo e a expressão com base no realismo.
Os construtores românicos ergueram edifícios com funções distintas:
·         Castelos: a principal função destinada aos castelos era a segurança da família do senhor feudal, da nobreza e dos camponeses. Os castelos constituíam enormes fortes, feitos com imensas muralhas, torres, fossos, calabouços e pontes levadiças.
·         Mosteiros para os monges e abades: Os mosteiros eram os mais importantes núcleos culturais e artísticos deste período. Eram construções rodeadas de altos muros, com um vasto pátio interno.
·         Igrejas para os fiéis:  Esses templos foram construídos para atender a necessidade de acolher peregrinos (“aqueles que atravessam os campos”) que viajavam para visitar as santas relíquias.
A Igreja, conhecida como Fortaleza de Deus, era de grande proporção graças ao legado romano dos arcos e abóboda de berço e de arestas.

 As características mais significativas da arquitetura são:
1. Abóbadas (o teto formado por arcos) em substituição ao telhado das basílicas.
2. Pilares (colunas) maciços e paredes espessas
3. Aberturas raras e estreitas usadas como janelas.

Observe nas imagens abaixo uma igreja românica, suas grossas paredes, um exemplo de abóboda, e como ocorre no interior da igreja.






 A pintura teve um papel muito importante nessa época, já que a maioria da população era analfabeta. A arquitetura românica, com suas grandes abóbadas e espessas paredes laterais de poucas aberturas, criou amplas superfícies que favoreceram a pintura mural- afrescos.
As características essenciais da pintura românica foram a deformação e a hierarquia. A deformação e a hierarquia traduzem os sentimentos religiosos e a interpretação de cada pessoa representada.
A figura de Cristo, por exemplo, era sempre maior do que as demais. Sua mão e seu braço, no gesto de abençoar, tinham proporções intencionalmente exageradas para que o gesto fosse valorizado por quem contemplasse a pintura. Os olhos eram muito grandes e abertos para evidenciar a intensa vida espiritual.
 Como a maioria da população era analfabeta, as Iluminuras, livros em miniatura, foram um meio muito importante de difusão do cristianismo. Os livros com iluminuras eram encadernados em couro com " ourivesaria”. A produção de iluminuras estendeu-se por vários séculos. Eram ilustrações da Bíblia, missas,
salmos e etc.




Arte Bizantina

A principal inovação arquitetônica foi a construção de uma enorme cúpula central e outras menores ao seu redor. Tem um formato semiesférico, ou seja, metade de uma esfera.
A expressão máxima da arte bizantina são os mosaicos. Visto que a pintura era considerada uma técnica muito simples, o mosaico foi a técnica preferida para ornar as paredes das igrejas e palácios. Essa técnica, muito usada pelos romanos, consistia em juntar pequenos pedaços de cerâmica formando uma “pintura”. Como vimos na tecnica do pontilhismo.
A arte bizantina tinha um objetivo: expressar a autoridade absoluta e sagrada do imperador, considerado o representante de Deus, com poderes temporais e espirituais. Para que a arte atingisse esse objetivo, uma série de convenções foi estabelecida. Tudo o que poderia ser representado (posição e tamanho da pessoa, roupa, gestos símbolos), era rigorosa e previamente determinado. Nessa epoca portanto o artista não possui liberdade criativa, e nem era conhecido artisticamente.
Passou-se também a retratar as personalidades oficiais e as personagens sagradas como se compartilhassem as mesmas características: assim, a representação de personalidades oficiais sugeria tratar-se de personagens sagradas. Veja abaixo, o mosaico em estilo bizantino que mostra o imperador Justiniano (547-548 d.C.) e Imperatriz Teodora com auréola, símbolo característico de figuras sagradas, como Jesus Cristo, os santos e os apóstolos.





Mosaicos: O imperador Justiniano (547-548 d.C.), e representantes de seu governo; detalhe do imperador; Imperatriz Teodora
Arte Gótica

Você já viu o desenho animado “O Corcunda de Notre Dame”? Pois é! Lá está um grande exemplo do que vamos estudar: a Catedral de Notre Dame, um grande exemplo de arte Gótica
Gótico pode ser uma denominação pejorativa atribuída aos godos, povos bárbaros. Isso porque, inicialmente, as igrejas tinham uma aparência feia e inacabada. No entanto, pode ser simplesmente originário de Got, que significa Deus, em alemão .
O estilo românico não sobreviveu sequer ao século XII. Mal os artistas tinham conseguido construir com êxito as abóbadas de suas igrejas quando uma ideia revolucionária surgiu para deixar essas igrejas parecerem pesadas e obsoletas. Basicamente os arquitetos góticos aperfeiçoaram os arcos e abóbodas românicos ampliando ainda mais a altura das paredes da igreja sem deixá-las com o aspecto pesado de “fortaleza”, típico da arte românica.
Observe abaixo, uma a Catedral de Notre dame, seu interior e um exemplo de abobada.

  

   

Não havia necessidade de pesadas paredes de pedra, pelo contrário, nas paredes podiam ser abertas várias janelas. Resultado: uma edificação de pedra e vidro como o mundo jamais vira. Agora as igrejas eram chamadas de catedrais. As janelas de vidro foram usadas para ilustrar as passagens bíblicas, criando um jogo de luz e colorimos no interior das igrejas, os chamados vitrais (vidros coloridos e trabalhados em arte).
Na escultura destacam-se as gárgulas, estátuas em forma de pássaros monstruosos que eram esculpidos para disfarçar os canos por onde escoava água de chuva dos telhados.  Alguns dizem que essas figuras representavam  os perigos de se estar fora da igreja, visto que, em contraste, ao entrar na igreja só encontramos anjos e criaturas belas e divinas.  Será se é assim que Deus pensa?
 No desenho animado “O Corcunda de Notre Dame” vemos estes tipos de esculturas como personagens.





Até então os trabalhos artísticos eram feitos por uma equipe anônima, agora a arte torna-se mais criativa e cada artista pode assinar suas obras. A igreja continuou mantendo e expandindo seu poder, mas oferecendo uma visão mais humanizada dos conteúdos religiosos. Isso pode ser observado na pinturas abaixo. Observe como as pessoas estão mais realistas e menos ilustrativas, como eram na pintura Romanica e Bizantina.


A lamentação de Cristo, Giotto do Bondone, 1305. Capela Scrovegni,Itália
O Casal Arnolfini, JAN VAN EYCK, de 1434


E no Brasil?  Tem catedral gótica?

A resposta é não. Nessa época o Brasil nem tinha sido “descoberto”. E depois disso também as primeiras igrejas construídas aqui adotaram o estilo barroco. Mas séculos depois do estilo ter acabado na Europa, algumas igrejas foram construídas no Brasil inspiradas no estilo gótico. É o que chamamos de Neogótico ou Neogótico tardio (e não Gótico tardio). Ao lado veja a Catedral da Se, em São Paulo.


Bibliografia:
Dressler, Andrea.  Arte na Idade Média. In: arteeducacaodf.blogspot.com.br
Proença, Graça. História da Arte. São Paulo. Ed. Ática. 17ª edição, 2007
http://www.historiadaarte.com.br/

Veja a aula sobre Arte na Idade Média aqui: 

Questões de estudo e revisão:
1.       O que são e onde eram feitas as artes paleocristãs?
2.       Como eram as igrejas na arte românica? Qual a relação com os arcos e as abobodas?
3.       Onde se fazim as pinturas na arte românica? Quam eram os pintores?
4.       O que são iluminuras? Qual sua função?
5.       Como Jesus era representado na pintura românica?
6.       Qual relação de Deus e os reis na Arte Bizantina?
7.       O que são mosaicos?
8.       Como eram as igrejas na arte Gótica? Qual a relação com os arcos e as abobodas?
9.       O que são vitrais?
10.   Qual a relação do vitral com o tipo de arquitetura da igreja gótica?

11.   O que muda na pintura na arte gótica? 

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